Autor João Almino cria obra de peso com ‘Enigmas da Primavera’Autor João Almino cria obra de peso com ‘Enigmas da Primavera’Autor João Almino crea una obra de peso con ‘Enigmas da Primavera’Autor João Almino cria obra de peso com ‘Enigmas da Primavera’

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Autor João Almino cria obra de peso com ‘Enigmas da Primavera’

MANUEL DA COSTA PINTO
COLUNISTA DA FOLHA
16/05/2015

São Paulo, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 16/05/2015

“Enigmas da Primavera”, novo romance de João Almino, é a primeira obra de peso, na literatura brasileira, a trazer para as páginas da ficção (e para a vivência subjetiva) os movimentos políticos dos últimos anos.

O título remete à Primavera Árabe, onda de protestos que derrubou ditaduras do Oriente Médio em 2011, época em que se passa a maior parte do romance –embora seja narrado a partir do contexto das Jornadas de Junho, as manifestações que varreram o Brasil em 2013.

Mas “Enigmas da Primavera” acaba fazendo um diagnóstico mais permanente, de um beco sem saída geracional. Não da geração do escritor e diplomata nascido em Mossoró (Rio Grande do Norte), em 1950, mas da geração atual.

O enredo nos leva de Brasília a Madri no momento em que surgia outro movimento contra o sistema político e financeiro: o 15-M (referência a 15 de maio de 2011, data de eclosão dos protestos na Espanha). Em cena, temos Majnun, jovem criado pelos politizados avós depois da morte do pai, por overdose, e da internação da mãe, viciada e psicótica (breve aceno a mais uma geração perdida).

O nome do protagonista é, na verdade, um apelido inspirado em personagem de um relato da tradição árabe –abrindo um veio narrativo que fará o romance mesclar, de modo engenhoso, história cultural e revisionismo histórico.

Majnun é o típico internauta que prefere o “território da ausência” proporcionado pela esfera virtual, na qual pode inventar “um mundo à sua medida”. Em suas fantasias, cultiva as raízes muçulmanas de sua família e idealiza o passado de tolerância da Espanha mourisca.

De forma sub-reptícia, Almino capta o movimento, característico das redes sociais, que leva da rebeldia libertária ao extremismo vociferante, projetando-o nas relações afetivas de um jovem desnorteado, que sonha em se converter ao islã e enxerga na amante casada e nas amigas com as quais viaja à Espanha uma atualização de fábulas orientais.

E se essa viagem é uma fuga motivada pelo delírio de ter cometido um crime passional, a fábula maior de “Enigmas da Primavera” está em apontar, com generosidade, como o vazio de utopias e as existências vicárias da militância virtual precisam ser preenchidas por quimeras –”tudo feito para acabar em palavras (…) como a própria vida, feita de busca de sentido, de frases e atos incompletos”.

ENIGMAS DA PRIMAVERA
AUTOR João Almino
EDITORA Record
QUANTO R$ 42 (288 págs.)
AVALIAÇÃO muito bom
LANÇAMENTO na terça (19), às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional – av. Paulista, 2.073; tel. (11) 3170-4033
Autor João Almino cria obra de peso com ‘Enigmas da Primavera’

MANUEL DA COSTA PINTO
COLUNISTA DA FOLHA
16/05/2015

São Paulo, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 16/05/2015

“Enigmas da Primavera”, novo romance de João Almino, é a primeira obra de peso, na literatura brasileira, a trazer para as páginas da ficção (e para a vivência subjetiva) os movimentos políticos dos últimos anos.

O título remete à Primavera Árabe, onda de protestos que derrubou ditaduras do Oriente Médio em 2011, época em que se passa a maior parte do romance –embora seja narrado a partir do contexto das Jornadas de Junho, as manifestações que varreram o Brasil em 2013.

Mas “Enigmas da Primavera” acaba fazendo um diagnóstico mais permanente, de um beco sem saída geracional. Não da geração do escritor e diplomata nascido em Mossoró (Rio Grande do Norte), em 1950, mas da geração atual.

O enredo nos leva de Brasília a Madri no momento em que surgia outro movimento contra o sistema político e financeiro: o 15-M (referência a 15 de maio de 2011, data de eclosão dos protestos na Espanha). Em cena, temos Majnun, jovem criado pelos politizados avós depois da morte do pai, por overdose, e da internação da mãe, viciada e psicótica (breve aceno a mais uma geração perdida).

O nome do protagonista é, na verdade, um apelido inspirado em personagem de um relato da tradição árabe –abrindo um veio narrativo que fará o romance mesclar, de modo engenhoso, história cultural e revisionismo histórico.

Majnun é o típico internauta que prefere o “território da ausência” proporcionado pela esfera virtual, na qual pode inventar “um mundo à sua medida”. Em suas fantasias, cultiva as raízes muçulmanas de sua família e idealiza o passado de tolerância da Espanha mourisca.

De forma sub-reptícia, Almino capta o movimento, característico das redes sociais, que leva da rebeldia libertária ao extremismo vociferante, projetando-o nas relações afetivas de um jovem desnorteado, que sonha em se converter ao islã e enxerga na amante casada e nas amigas com as quais viaja à Espanha uma atualização de fábulas orientais.

E se essa viagem é uma fuga motivada pelo delírio de ter cometido um crime passional, a fábula maior de “Enigmas da Primavera” está em apontar, com generosidade, como o vazio de utopias e as existências vicárias da militância virtual precisam ser preenchidas por quimeras –”tudo feito para acabar em palavras (…) como a própria vida, feita de busca de sentido, de frases e atos incompletos”.

ENIGMAS DA PRIMAVERA
AUTOR João Almino
EDITORA Record
QUANTO R$ 42 (288 págs.)
AVALIAÇÃO muito bom
LANÇAMENTO na terça (19), às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional – av. Paulista, 2.073; tel. (11) 3170-4033
Autor João Almino cria obra de peso com ‘Enigmas da Primavera’

MANUEL DA COSTA PINTO
COLUNISTA DA FOLHA
16/05/2015

São Paulo, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 16/05/2015

“Enigmas da Primavera”, novo romance de João Almino, é a primeira obra de peso, na literatura brasileira, a trazer para as páginas da ficção (e para a vivência subjetiva) os movimentos políticos dos últimos anos.

O título remete à Primavera Árabe, onda de protestos que derrubou ditaduras do Oriente Médio em 2011, época em que se passa a maior parte do romance –embora seja narrado a partir do contexto das Jornadas de Junho, as manifestações que varreram o Brasil em 2013.

Mas “Enigmas da Primavera” acaba fazendo um diagnóstico mais permanente, de um beco sem saída geracional. Não da geração do escritor e diplomata nascido em Mossoró (Rio Grande do Norte), em 1950, mas da geração atual.

O enredo nos leva de Brasília a Madri no momento em que surgia outro movimento contra o sistema político e financeiro: o 15-M (referência a 15 de maio de 2011, data de eclosão dos protestos na Espanha). Em cena, temos Majnun, jovem criado pelos politizados avós depois da morte do pai, por overdose, e da internação da mãe, viciada e psicótica (breve aceno a mais uma geração perdida).

O nome do protagonista é, na verdade, um apelido inspirado em personagem de um relato da tradição árabe –abrindo um veio narrativo que fará o romance mesclar, de modo engenhoso, história cultural e revisionismo histórico.

Majnun é o típico internauta que prefere o “território da ausência” proporcionado pela esfera virtual, na qual pode inventar “um mundo à sua medida”. Em suas fantasias, cultiva as raízes muçulmanas de sua família e idealiza o passado de tolerância da Espanha mourisca.

De forma sub-reptícia, Almino capta o movimento, característico das redes sociais, que leva da rebeldia libertária ao extremismo vociferante, projetando-o nas relações afetivas de um jovem desnorteado, que sonha em se converter ao islã e enxerga na amante casada e nas amigas com as quais viaja à Espanha uma atualização de fábulas orientais.

E se essa viagem é uma fuga motivada pelo delírio de ter cometido um crime passional, a fábula maior de “Enigmas da Primavera” está em apontar, com generosidade, como o vazio de utopias e as existências vicárias da militância virtual precisam ser preenchidas por quimeras –”tudo feito para acabar em palavras (…) como a própria vida, feita de busca de sentido, de frases e atos incompletos”.

ENIGMAS DA PRIMAVERA
AUTOR João Almino
EDITORA Record
QUANTO R$ 42 (288 págs.)
AVALIAÇÃO muito bom
LANÇAMENTO na terça (19), às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional – av. Paulista, 2.073; tel. (11) 3170-4033
Autor João Almino cria obra de peso com ‘Enigmas da Primavera’

MANUEL DA COSTA PINTO
COLUNISTA DA FOLHA
16/05/2015

São Paulo, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 16/05/2015

“Enigmas da Primavera”, novo romance de João Almino, é a primeira obra de peso, na literatura brasileira, a trazer para as páginas da ficção (e para a vivência subjetiva) os movimentos políticos dos últimos anos.

O título remete à Primavera Árabe, onda de protestos que derrubou ditaduras do Oriente Médio em 2011, época em que se passa a maior parte do romance –embora seja narrado a partir do contexto das Jornadas de Junho, as manifestações que varreram o Brasil em 2013.

Mas “Enigmas da Primavera” acaba fazendo um diagnóstico mais permanente, de um beco sem saída geracional. Não da geração do escritor e diplomata nascido em Mossoró (Rio Grande do Norte), em 1950, mas da geração atual.

O enredo nos leva de Brasília a Madri no momento em que surgia outro movimento contra o sistema político e financeiro: o 15-M (referência a 15 de maio de 2011, data de eclosão dos protestos na Espanha). Em cena, temos Majnun, jovem criado pelos politizados avós depois da morte do pai, por overdose, e da internação da mãe, viciada e psicótica (breve aceno a mais uma geração perdida).

O nome do protagonista é, na verdade, um apelido inspirado em personagem de um relato da tradição árabe –abrindo um veio narrativo que fará o romance mesclar, de modo engenhoso, história cultural e revisionismo histórico.

Majnun é o típico internauta que prefere o “território da ausência” proporcionado pela esfera virtual, na qual pode inventar “um mundo à sua medida”. Em suas fantasias, cultiva as raízes muçulmanas de sua família e idealiza o passado de tolerância da Espanha mourisca.

De forma sub-reptícia, Almino capta o movimento, característico das redes sociais, que leva da rebeldia libertária ao extremismo vociferante, projetando-o nas relações afetivas de um jovem desnorteado, que sonha em se converter ao islã e enxerga na amante casada e nas amigas com as quais viaja à Espanha uma atualização de fábulas orientais.

E se essa viagem é uma fuga motivada pelo delírio de ter cometido um crime passional, a fábula maior de “Enigmas da Primavera” está em apontar, com generosidade, como o vazio de utopias e as existências vicárias da militância virtual precisam ser preenchidas por quimeras –”tudo feito para acabar em palavras (…) como a própria vida, feita de busca de sentido, de frases e atos incompletos”.

ENIGMAS DA PRIMAVERA
AUTOR João Almino
EDITORA Record
QUANTO R$ 42 (288 págs.)
AVALIAÇÃO muito bom
LANÇAMENTO na terça (19), às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional – av. Paulista, 2.073; tel. (11) 3170-4033


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