JOGO COM TRAVES. Paulo Paniago, Correio Braziliense, sobre As Cinco Estações do Amor, de João Almino

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CORREIO BRAZILIENSE, Pensar, domingo, 10 de junho de 2001

Paulo Paniago

0 amor romântico -aquele que movia Romeu na direção de Julieta-não é mais possível. Essa é uma das perguntas que Ana, a narradora do romance As Cinco Estações do Amor, se faz. Provável que o substituto de nossa era seja a amizade com sexo e uma pitada de afeto. É preciso desidealizar o amor, essa a prerrogativa do livro de João Almino. Que ele cite João Cabral de Melo Neto na epígrafe é indício certo do quanto há de secura em sua investida. João Cabral diz: “viver/a agulha de um só instante, plenamente”.

Por isso o autor fala em “amor do acessível”. Não é só resignação ao possível, mas o malabarismo de se manter nesse fio de lâmina. Daí a idéia de estações, que a personagem precisa atravessar como um calvário, para se descobrir. À beira da indignação, Ana vocifera: “Deus estava descontente e de mau humor quando criou o homem.”

Ao final, redimensiona a teoria engraçada do amigo Carlos sobre futebol e a vida: “Carlos tem razão, a vida é como um jogo de futebol. Só que com muitas traves diferentes.” É preciso tentar o gol em todas, alerta ao instante em que se vive. Até, se possível, agradecer o que se conseguiu. Sem arroubos, a literatura de Almino é feita de inteligência e argúcia, apurada. Por isso as demoras: biscoito fino leva mais tempo para ser feito.

CORREIO BRAZILIENSE, Pensar, domingo, 10 de junho de 2001

Paulo Paniago

0 amor romântico -aquele que movia Romeu na direção de Julieta-não é mais possível. Essa é uma das perguntas que Ana, a narradora do romance As Cinco Estações do Amor, se faz. Provável que o substituto de nossa era seja a amizade com sexo e uma pitada de afeto. É preciso desidealizar o amor, essa a prerrogativa do livro de João Almino. Que ele cite João Cabral de Melo Neto na epígrafe é indício certo do quanto há de secura em sua investida. João Cabral diz: “viver/a agulha de um só instante, plenamente”.

Por isso o autor fala em “amor do acessível”. Não é só resignação ao possível, mas o malabarismo de se manter nesse fio de lâmina. Daí a idéia de estações, que a personagem precisa atravessar como um calvário, para se descobrir. À beira da indignação, Ana vocifera: “Deus estava descontente e de mau humor quando criou o homem.”

Ao final, redimensiona a teoria engraçada do amigo Carlos sobre futebol e a vida: “Carlos tem razão, a vida é como um jogo de futebol. Só que com muitas traves diferentes.” É preciso tentar o gol em todas, alerta ao instante em que se vive. Até, se possível, agradecer o que se conseguiu. Sem arroubos, a literatura de Almino é feita de inteligência e argúcia, apurada. Por isso as demoras: biscoito fino leva mais tempo para ser feito.

CORREIO BRAZILIENSE, Pensar, domingo, 10 de junho de 2001

Paulo Paniago

0 amor romântico -aquele que movia Romeu na direção de Julieta-não é mais possível. Essa é uma das perguntas que Ana, a narradora do romance As Cinco Estações do Amor, se faz. Provável que o substituto de nossa era seja a amizade com sexo e uma pitada de afeto. É preciso desidealizar o amor, essa a prerrogativa do livro de João Almino. Que ele cite João Cabral de Melo Neto na epígrafe é indício certo do quanto há de secura em sua investida. João Cabral diz: “viver/a agulha de um só instante, plenamente”.

Por isso o autor fala em “amor do acessível”. Não é só resignação ao possível, mas o malabarismo de se manter nesse fio de lâmina. Daí a idéia de estações, que a personagem precisa atravessar como um calvário, para se descobrir. À beira da indignação, Ana vocifera: “Deus estava descontente e de mau humor quando criou o homem.”

Ao final, redimensiona a teoria engraçada do amigo Carlos sobre futebol e a vida: “Carlos tem razão, a vida é como um jogo de futebol. Só que com muitas traves diferentes.” É preciso tentar o gol em todas, alerta ao instante em que se vive. Até, se possível, agradecer o que se conseguiu. Sem arroubos, a literatura de Almino é feita de inteligência e argúcia, apurada. Por isso as demoras: biscoito fino leva mais tempo para ser feito.

CORREIO BRAZILIENSE, Pensar, domingo, 10 de junho de 2001

Paulo Paniago

0 amor romântico -aquele que movia Romeu na direção de Julieta-não é mais possível. Essa é uma das perguntas que Ana, a narradora do romance As Cinco Estações do Amor, se faz. Provável que o substituto de nossa era seja a amizade com sexo e uma pitada de afeto. É preciso desidealizar o amor, essa a prerrogativa do livro de João Almino. Que ele cite João Cabral de Melo Neto na epígrafe é indício certo do quanto há de secura em sua investida. João Cabral diz: “viver/a agulha de um só instante, plenamente”.

Por isso o autor fala em “amor do acessível”. Não é só resignação ao possível, mas o malabarismo de se manter nesse fio de lâmina. Daí a idéia de estações, que a personagem precisa atravessar como um calvário, para se descobrir. À beira da indignação, Ana vocifera: “Deus estava descontente e de mau humor quando criou o homem.”

Ao final, redimensiona a teoria engraçada do amigo Carlos sobre futebol e a vida: “Carlos tem razão, a vida é como um jogo de futebol. Só que com muitas traves diferentes.” É preciso tentar o gol em todas, alerta ao instante em que se vive. Até, se possível, agradecer o que se conseguiu. Sem arroubos, a literatura de Almino é feita de inteligência e argúcia, apurada. Por isso as demoras: biscoito fino leva mais tempo para ser feito.