Sobre Cidade Livre, de João Almino. Pedro Meira Monteiro, Pena vadia

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Blog de

PEDRO MEIRA MONTEIRO

Acabo de ler o último romance de João Almino, Cidade Livre.

Os dois últimos parágrafos são simplesmente grandes. Grandes pelo que em si dizem, mas também pelo que dizem um ao outro: a fonte incerta que o cronista ávido visita e inventa (a vontade inspiradora de Sayão, o segredo paterno enterrado logo após o sacrifício de Valdivino, a genealogia torta e obscura do sonho de Brasília, de um Brasil que se apaixona por si mesmo, por assim dizer) e, no último parágrafo, essa espécie de devolução daquilo que o narrador viveu, na figuração do instante longínquo de um contador-cantador que anuncia a verdura de um futuro desejado, entrevisto no desejo do ar laranja que balança o signo do desejo, as saias da tia, de algo que é e não é familiar.

Foi delicioso ler. E, por vício ou por ofício, pus-me a pensar nos diálogos estabelecidos com a tradição literária brasileira.

O final me fez pensar na voz narrativa de Macunaíma, do Mário de Andrade que se entremostra naquele contador de causos que reconstrói a arca da memória porque “ouviu falar”… A diferença é que não há papagaio palrador na história candanga, embora o esforço de recomposição da história seja também a tentativa de escuta de uma voz teimosa e, no caso de Cidade Livre, jogada entre o pleno encantamento do futuro e a dureza que enfrentam os que resolvem dar forma a ele. Brasília é um signo poderoso, que, sabemos os leitores, João Almino explora em profundidade. Brasília é, porventura, a figuração mesma da poesia: o que se vê como delírio poético é trazido ao corpo concreto das palavras (ou das coisas), que tragicamente não dizem nada, são apenas palavras e coisas etc.

E quanto ao J.A. que escreve, e que é auxiliado pelo impertinente revisor João Almino, bem… Aí não preciso nem dizer em que outro diplomata pensei! O da pena vadia, ninguém menos.

É um lindo livro.

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PEDRO MEIRA MONTEIRO

Acabo de ler o último romance de João Almino, Cidade Livre.

Os dois últimos parágrafos são simplesmente grandes. Grandes pelo que em si dizem, mas também pelo que dizem um ao outro: a fonte incerta que o cronista ávido visita e inventa (a vontade inspiradora de Sayão, o segredo paterno enterrado logo após o sacrifício de Valdivino, a genealogia torta e obscura do sonho de Brasília, de um Brasil que se apaixona por si mesmo, por assim dizer) e, no último parágrafo, essa espécie de devolução daquilo que o narrador viveu, na figuração do instante longínquo de um contador-cantador que anuncia a verdura de um futuro desejado, entrevisto no desejo do ar laranja que balança o signo do desejo, as saias da tia, de algo que é e não é familiar.

Foi delicioso ler. E, por vício ou por ofício, pus-me a pensar nos diálogos estabelecidos com a tradição literária brasileira.

O final me fez pensar na voz narrativa de Macunaíma, do Mário de Andrade que se entremostra naquele contador de causos que reconstrói a arca da memória porque “ouviu falar”… A diferença é que não há papagaio palrador na história candanga, embora o esforço de recomposição da história seja também a tentativa de escuta de uma voz teimosa e, no caso de Cidade Livre, jogada entre o pleno encantamento do futuro e a dureza que enfrentam os que resolvem dar forma a ele. Brasília é um signo poderoso, que, sabemos os leitores, João Almino explora em profundidade. Brasília é, porventura, a figuração mesma da poesia: o que se vê como delírio poético é trazido ao corpo concreto das palavras (ou das coisas), que tragicamente não dizem nada, são apenas palavras e coisas etc.

E quanto ao J.A. que escreve, e que é auxiliado pelo impertinente revisor João Almino, bem… Aí não preciso nem dizer em que outro diplomata pensei! O da pena vadia, ninguém menos.

É um lindo livro.

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PEDRO MEIRA MONTEIRO

Acabo de ler o último romance de João Almino, Cidade Livre.

Os dois últimos parágrafos são simplesmente grandes. Grandes pelo que em si dizem, mas também pelo que dizem um ao outro: a fonte incerta que o cronista ávido visita e inventa (a vontade inspiradora de Sayão, o segredo paterno enterrado logo após o sacrifício de Valdivino, a genealogia torta e obscura do sonho de Brasília, de um Brasil que se apaixona por si mesmo, por assim dizer) e, no último parágrafo, essa espécie de devolução daquilo que o narrador viveu, na figuração do instante longínquo de um contador-cantador que anuncia a verdura de um futuro desejado, entrevisto no desejo do ar laranja que balança o signo do desejo, as saias da tia, de algo que é e não é familiar.

Foi delicioso ler. E, por vício ou por ofício, pus-me a pensar nos diálogos estabelecidos com a tradição literária brasileira.

O final me fez pensar na voz narrativa de Macunaíma, do Mário de Andrade que se entremostra naquele contador de causos que reconstrói a arca da memória porque “ouviu falar”… A diferença é que não há papagaio palrador na história candanga, embora o esforço de recomposição da história seja também a tentativa de escuta de uma voz teimosa e, no caso de Cidade Livre, jogada entre o pleno encantamento do futuro e a dureza que enfrentam os que resolvem dar forma a ele. Brasília é um signo poderoso, que, sabemos os leitores, João Almino explora em profundidade. Brasília é, porventura, a figuração mesma da poesia: o que se vê como delírio poético é trazido ao corpo concreto das palavras (ou das coisas), que tragicamente não dizem nada, são apenas palavras e coisas etc.

E quanto ao J.A. que escreve, e que é auxiliado pelo impertinente revisor João Almino, bem… Aí não preciso nem dizer em que outro diplomata pensei! O da pena vadia, ninguém menos.

É um lindo livro.

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PEDRO MEIRA MONTEIRO

Acabo de ler o último romance de João Almino, Cidade Livre.

Os dois últimos parágrafos são simplesmente grandes. Grandes pelo que em si dizem, mas também pelo que dizem um ao outro: a fonte incerta que o cronista ávido visita e inventa (a vontade inspiradora de Sayão, o segredo paterno enterrado logo após o sacrifício de Valdivino, a genealogia torta e obscura do sonho de Brasília, de um Brasil que se apaixona por si mesmo, por assim dizer) e, no último parágrafo, essa espécie de devolução daquilo que o narrador viveu, na figuração do instante longínquo de um contador-cantador que anuncia a verdura de um futuro desejado, entrevisto no desejo do ar laranja que balança o signo do desejo, as saias da tia, de algo que é e não é familiar.

Foi delicioso ler. E, por vício ou por ofício, pus-me a pensar nos diálogos estabelecidos com a tradição literária brasileira.

O final me fez pensar na voz narrativa de Macunaíma, do Mário de Andrade que se entremostra naquele contador de causos que reconstrói a arca da memória porque “ouviu falar”… A diferença é que não há papagaio palrador na história candanga, embora o esforço de recomposição da história seja também a tentativa de escuta de uma voz teimosa e, no caso de Cidade Livre, jogada entre o pleno encantamento do futuro e a dureza que enfrentam os que resolvem dar forma a ele. Brasília é um signo poderoso, que, sabemos os leitores, João Almino explora em profundidade. Brasília é, porventura, a figuração mesma da poesia: o que se vê como delírio poético é trazido ao corpo concreto das palavras (ou das coisas), que tragicamente não dizem nada, são apenas palavras e coisas etc.

E quanto ao J.A. que escreve, e que é auxiliado pelo impertinente revisor João Almino, bem… Aí não preciso nem dizer em que outro diplomata pensei! O da pena vadia, ninguém menos.

É um lindo livro.