‘Sou fiel à paisagem de Brasília”, diz Almino. A construção da Capital é o tema de Cidade Livre. Ubiratan Brasil, O Estado de S. Paulo

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‘Sou fiel à paisagem de Brasília’, diz Almino A construção da Capital é o tema de Cidade Livre

A construção da Capital é o tema de Cidade Livre, novo livro do diplomata

“Quero que o leitor sinta meus pensamentos como sendo de carne e osso e comparta suas dores ou alegrias” O escritor e diplomata João Almino é habitualmente lembrado por romances ambientados em Brasília ? foi assim com Ideias para Onde Passar o Fim do Mundo (1987), Samba-Enredo (1994) e As Cinco Estações do Amor (2001), que formaram uma trilogia, e continua com Cidade Livre, recentemente editado pela Record e que ele lança hoje no Rio. Mas a coincidência é apenas um detalhe menor de um trabalho que se revela mais interessante: as experiências com o uso da linguagem.

Almino parte do princípio que o estado do narrador é que condiciona as variações. Assim, em Cidade Livre, um escritor sem editora encontra no blog o caminho para resgatar as memórias do pai adotivo e das tias para recuperar a história da construção de Brasília, mais especificamente de um bairro provisório, que depois se transformou no atual Núcleo Bandeirante. A visão otimista sobre uma cidade que nasce contrasta com as crendices e as decepções da trajetória familiar, tramas paralelas bem articuladas por Almino, que comenta na seguinte entrevista.

Por que retomar questões como criação e fundação?

Tudo começou talvez com um questionamento filosófico levado para a reflexão sobre a própria ficção ou, mais precisamente, sobre o romance. A gênese é algo que intriga a todos os povos e civilizações. Na fundação, na criação, no novo há uma questão de fundo religioso, místico e também filosófico, científico e literário. O mistério da fundação somente se esclarece quando recorremos ao mito e a Deus. Mas se esclarece apenas na aparência. É quando o mundo e suas mudanças deixam de ser explicados pela Natureza em maiúsculo ou por Deus, e o homem passa a ser visto como responsável por sua própria história, que o romance ocidental surge, com Dom Quixote. Creio que o questionamento sobre a fundação, sua problematização, é própria dos tempos modernos.

Como a opção pela escrita determina o rumo da trama?

Procuro não repetir o que já fiz. Neste sentido, existe de início uma opção por uma técnica ainda não explorada. No entanto, ela somente se completa com a definição de alguns personagens e sobretudo do narrador ou narradores. A forma final é altamente influenciada por eles.

O narrador apresenta sua história por meio de um blog.

No romance, o blog serve para introduzir mais uma camada de leitura e alguns elementos de humor, criando diálogos com o narrador, jogando com os ritmos da trama e desviando a atenção do leitor para outro ponto. Mas é sobretudo uma forma de minha literatura dialogar com um meio de expressão contemporâneo, como foram o cinema, o computador ou a fotografia. Tenho, contudo, a preocupação de evitar que esse recurso “esfrie” a narrativa, como às vezes pode ocorrer na chamada literatura pós-moderna, pois quero que o leitor sinta meus personagens como sendo de carne e osso e comparta suas dores, tragédias, medos, paixões, esperanças, desejos ou alegrias.

Qual a importância real de Brasília em sua obra?

Escolhi Brasília para que minha literatura tivesse mais liberdade, para fugir das tradições literárias, do que era esperado, dos estereótipos, dos regionalismos e dos enraizamentos. Sou fiel à paisagem de Brasília e me inspiro em suas histórias. A cidade, como outras, tem muito a oferecer à criação literária, mas o espaço não é determinante em minha obra, pois creio que somente num naturalismo regionalista ele seria.

A construção da Capital é o tema de Cidade Livre, novo livro do diplomata

“Quero que o leitor sinta meus pensamentos como sendo de carne e osso e comparta suas dores ou alegrias” O escritor e diplomata João Almino é habitualmente lembrado por romances ambientados em Brasília ? foi assim com Ideias para Onde Passar o Fim do Mundo (1987), Samba-Enredo (1994) e As Cinco Estações do Amor (2001), que formaram uma trilogia, e continua com Cidade Livre, recentemente editado pela Record e que ele lança hoje no Rio. Mas a coincidência é apenas um detalhe menor de um trabalho que se revela mais interessante: as experiências com o uso da linguagem.

Almino parte do princípio que o estado do narrador é que condiciona as variações. Assim, em Cidade Livre, um escritor sem editora encontra no blog o caminho para resgatar as memórias do pai adotivo e das tias para recuperar a história da construção de Brasília, mais especificamente de um bairro provisório, que depois se transformou no atual Núcleo Bandeirante. A visão otimista sobre uma cidade que nasce contrasta com as crendices e as decepções da trajetória familiar, tramas paralelas bem articuladas por Almino, que comenta na seguinte entrevista.

Por que retomar questões como criação e fundação?

Tudo começou talvez com um questionamento filosófico levado para a reflexão sobre a própria ficção ou, mais precisamente, sobre o romance. A gênese é algo que intriga a todos os povos e civilizações. Na fundação, na criação, no novo há uma questão de fundo religioso, místico e também filosófico, científico e literário. O mistério da fundação somente se esclarece quando recorremos ao mito e a Deus. Mas se esclarece apenas na aparência. É quando o mundo e suas mudanças deixam de ser explicados pela Natureza em maiúsculo ou por Deus, e o homem passa a ser visto como responsável por sua própria história, que o romance ocidental surge, com Dom Quixote. Creio que o questionamento sobre a fundação, sua problematização, é própria dos tempos modernos.

Como a opção pela escrita determina o rumo da trama?

Procuro não repetir o que já fiz. Neste sentido, existe de início uma opção por uma técnica ainda não explorada. No entanto, ela somente se completa com a definição de alguns personagens e sobretudo do narrador ou narradores. A forma final é altamente influenciada por eles.

O narrador apresenta sua história por meio de um blog.

No romance, o blog serve para introduzir mais uma camada de leitura e alguns elementos de humor, criando diálogos com o narrador, jogando com os ritmos da trama e desviando a atenção do leitor para outro ponto. Mas é sobretudo uma forma de minha literatura dialogar com um meio de expressão contemporâneo, como foram o cinema, o computador ou a fotografia. Tenho, contudo, a preocupação de evitar que esse recurso “esfrie” a narrativa, como às vezes pode ocorrer na chamada literatura pós-moderna, pois quero que o leitor sinta meus personagens como sendo de carne e osso e comparta suas dores, tragédias, medos, paixões, esperanças, desejos ou alegrias.

Qual a importância real de Brasília em sua obra?

Escolhi Brasília para que minha literatura tivesse mais liberdade, para fugir das tradições literárias, do que era esperado, dos estereótipos, dos regionalismos e dos enraizamentos. Sou fiel à paisagem de Brasília e me inspiro em suas histórias. A cidade, como outras, tem muito a oferecer à criação literária, mas o espaço não é determinante em minha obra, pois creio que somente num naturalismo regionalista ele seria.

A construção da Capital é o tema de Cidade Livre, novo livro do diplomata

“Quero que o leitor sinta meus pensamentos como sendo de carne e osso e comparta suas dores ou alegrias” O escritor e diplomata João Almino é habitualmente lembrado por romances ambientados em Brasília ? foi assim com Ideias para Onde Passar o Fim do Mundo (1987), Samba-Enredo (1994) e As Cinco Estações do Amor (2001), que formaram uma trilogia, e continua com Cidade Livre, recentemente editado pela Record e que ele lança hoje no Rio. Mas a coincidência é apenas um detalhe menor de um trabalho que se revela mais interessante: as experiências com o uso da linguagem.

Almino parte do princípio que o estado do narrador é que condiciona as variações. Assim, em Cidade Livre, um escritor sem editora encontra no blog o caminho para resgatar as memórias do pai adotivo e das tias para recuperar a história da construção de Brasília, mais especificamente de um bairro provisório, que depois se transformou no atual Núcleo Bandeirante. A visão otimista sobre uma cidade que nasce contrasta com as crendices e as decepções da trajetória familiar, tramas paralelas bem articuladas por Almino, que comenta na seguinte entrevista.

Por que retomar questões como criação e fundação?

Tudo começou talvez com um questionamento filosófico levado para a reflexão sobre a própria ficção ou, mais precisamente, sobre o romance. A gênese é algo que intriga a todos os povos e civilizações. Na fundação, na criação, no novo há uma questão de fundo religioso, místico e também filosófico, científico e literário. O mistério da fundação somente se esclarece quando recorremos ao mito e a Deus. Mas se esclarece apenas na aparência. É quando o mundo e suas mudanças deixam de ser explicados pela Natureza em maiúsculo ou por Deus, e o homem passa a ser visto como responsável por sua própria história, que o romance ocidental surge, com Dom Quixote. Creio que o questionamento sobre a fundação, sua problematização, é própria dos tempos modernos.

Como a opção pela escrita determina o rumo da trama?

Procuro não repetir o que já fiz. Neste sentido, existe de início uma opção por uma técnica ainda não explorada. No entanto, ela somente se completa com a definição de alguns personagens e sobretudo do narrador ou narradores. A forma final é altamente influenciada por eles.

O narrador apresenta sua história por meio de um blog.

No romance, o blog serve para introduzir mais uma camada de leitura e alguns elementos de humor, criando diálogos com o narrador, jogando com os ritmos da trama e desviando a atenção do leitor para outro ponto. Mas é sobretudo uma forma de minha literatura dialogar com um meio de expressão contemporâneo, como foram o cinema, o computador ou a fotografia. Tenho, contudo, a preocupação de evitar que esse recurso “esfrie” a narrativa, como às vezes pode ocorrer na chamada literatura pós-moderna, pois quero que o leitor sinta meus personagens como sendo de carne e osso e comparta suas dores, tragédias, medos, paixões, esperanças, desejos ou alegrias.

Qual a importância real de Brasília em sua obra?

Escolhi Brasília para que minha literatura tivesse mais liberdade, para fugir das tradições literárias, do que era esperado, dos estereótipos, dos regionalismos e dos enraizamentos. Sou fiel à paisagem de Brasília e me inspiro em suas histórias. A cidade, como outras, tem muito a oferecer à criação literária, mas o espaço não é determinante em minha obra, pois creio que somente num naturalismo regionalista ele seria.

A construção da Capital é o tema de Cidade Livre, novo livro do diplomata

“Quero que o leitor sinta meus pensamentos como sendo de carne e osso e comparta suas dores ou alegrias” O escritor e diplomata João Almino é habitualmente lembrado por romances ambientados em Brasília ? foi assim com Ideias para Onde Passar o Fim do Mundo (1987), Samba-Enredo (1994) e As Cinco Estações do Amor (2001), que formaram uma trilogia, e continua com Cidade Livre, recentemente editado pela Record e que ele lança hoje no Rio. Mas a coincidência é apenas um detalhe menor de um trabalho que se revela mais interessante: as experiências com o uso da linguagem.

Almino parte do princípio que o estado do narrador é que condiciona as variações. Assim, em Cidade Livre, um escritor sem editora encontra no blog o caminho para resgatar as memórias do pai adotivo e das tias para recuperar a história da construção de Brasília, mais especificamente de um bairro provisório, que depois se transformou no atual Núcleo Bandeirante. A visão otimista sobre uma cidade que nasce contrasta com as crendices e as decepções da trajetória familiar, tramas paralelas bem articuladas por Almino, que comenta na seguinte entrevista.

Por que retomar questões como criação e fundação?

Tudo começou talvez com um questionamento filosófico levado para a reflexão sobre a própria ficção ou, mais precisamente, sobre o romance. A gênese é algo que intriga a todos os povos e civilizações. Na fundação, na criação, no novo há uma questão de fundo religioso, místico e também filosófico, científico e literário. O mistério da fundação somente se esclarece quando recorremos ao mito e a Deus. Mas se esclarece apenas na aparência. É quando o mundo e suas mudanças deixam de ser explicados pela Natureza em maiúsculo ou por Deus, e o homem passa a ser visto como responsável por sua própria história, que o romance ocidental surge, com Dom Quixote. Creio que o questionamento sobre a fundação, sua problematização, é própria dos tempos modernos.

Como a opção pela escrita determina o rumo da trama?

Procuro não repetir o que já fiz. Neste sentido, existe de início uma opção por uma técnica ainda não explorada. No entanto, ela somente se completa com a definição de alguns personagens e sobretudo do narrador ou narradores. A forma final é altamente influenciada por eles.

O narrador apresenta sua história por meio de um blog.

No romance, o blog serve para introduzir mais uma camada de leitura e alguns elementos de humor, criando diálogos com o narrador, jogando com os ritmos da trama e desviando a atenção do leitor para outro ponto. Mas é sobretudo uma forma de minha literatura dialogar com um meio de expressão contemporâneo, como foram o cinema, o computador ou a fotografia. Tenho, contudo, a preocupação de evitar que esse recurso “esfrie” a narrativa, como às vezes pode ocorrer na chamada literatura pós-moderna, pois quero que o leitor sinta meus personagens como sendo de carne e osso e comparta suas dores, tragédias, medos, paixões, esperanças, desejos ou alegrias.

Qual a importância real de Brasília em sua obra?

Escolhi Brasília para que minha literatura tivesse mais liberdade, para fugir das tradições literárias, do que era esperado, dos estereótipos, dos regionalismos e dos enraizamentos. Sou fiel à paisagem de Brasília e me inspiro em suas histórias. A cidade, como outras, tem muito a oferecer à criação literária, mas o espaço não é determinante em minha obra, pois creio que somente num naturalismo regionalista ele seria.